Triste realidade...

Um programa de TV que foi ao ar dia 22/04, mostrava a situação de crianças e adolescentes que vivem nas ruas de cidades brasileiras. Em um determinado momento o repórter pergunta aos menores os seus sonhos para o futuro. A maioria respondeu que sonhava com oportunidades de estudar e terem uma profissão; uma garota falou do sonho de ser juíza e acrescenta: “ por causa do salário que essas pessoas ganham”. Porém a resposta que mais chamou a minha atenção foi dada por um garoto de 14 anos: “ ´quero viver na rua e usar drogas”. Resposta dura, chocante e realista. Um “tapa na cara” do governo brasileiro, das instituições de apoio ao menor e de toda a sociedade.
Fiquei meditando naquelas palavras...E pensei o que poderia existir por trás daquela resposta: talvez pais alcoólatras, drogadidos? Violência doméstica? Abuso sexual? Uma sociedade injusta e egoísta? Família desestruturada? Desemprego? Falta de amor, carinho e compreensão? Ou quem sabe tudo isso ao mesmo tempo... Enfim , são inúmeras situações que me vem a mente. São apenas 14 anos... O que poderia ter acontecido na vida dessa criança que fez com que ela perdesse a alegria de viver, de lutar por um futuro melhor?! O que fez com que ela , ainda tão jovem, já não tenha qualquer esperança ou força para seguir em frente?!
O pior de tudo é que esse não é um fato isolado,é na verdade , a situação de grande número de crianças em nosso país. Crescem sem oportunidades, sem amor, sem orientação, sem carinho, sem uma palavra de ânimo, sem apoio... Jogadas pelo mundo como um objeto sem valor...

E nós, como igreja, o que temos feito?? E nós, como cidadãos do reino dos céus, mensageiros das boas novas de esperança, amor e paz, o que temos feito?
Que Deus tenha misericórdia de nós e nos dê ânimo e força nessa luta por um mundo melhor e uma sociedade mais justa.

"Enquanto isso existir...estes raios de sol, o céu azul, enquanto isto durar , não poderei ser infeliz." Anne Frank

Há mais ou menos um mês e meio atrás li "O Diário de Anne Frank". É um livro maravilhoso, comovente, que traz os escritos do diário dessa garota judia, que, na época da segunda guerra mundial , viveu por cerca de 22 meses, juntamente com seus familiares, uma família (também judia) e um amigo judeu, em um esconderijo, em Amsterdã, devido a perseguição alemã. Até serem descobertos e levados aos campos de concentração. Não vou relatar aqui fatos escritos por essa garota, pois ao meu ver, todas as pessoas deveriam, pelo menos uma vez na vida, lê-lo, tamanha a lição de vida que ali encontramos.

Quero apenas trazer três frases maravilhosas escritas por Anne , quando se encontrava naquele lugar, fechado, frio, sem alimentação adequada, sem amigos, sem poder frequentar a escola ou mesmo respirar e sentir livremente o ar quente penetrar no pulmões, ou o vento soprar levemente no rosto. Um lugar onde, muitas vezes, por horas, tinha que ficar sem se mexer, pois o barulho poderia atrair pessoas e serem descobertos. Retirei três frases desse livro para compartilhar:

“Quase todas as manhãs vou ao sótão tirar a poeira dos meus pulmões. Do meu lugar favorito no chão, olho para o céu azul e o castanheiro desfolhado, em cujos galhos brilham pequenas gotas de chuva, como prata, vejo ainda gaivotas e outros pássaros que deslizam no vento. Enquanto isto existir, e quero viver para ver, estes raios de sol o céu azul - enquanto isto durar, não poderei ser infeliz.”

“Riqueza, prestígio, tudo pode ser perdido. A felicidade em seu coração pode ser diminuída, mas estará sempre lá, enquanto você viver, para torná-lo feliz de novo.”

“O melhor remédio para os amedrontados, solitários ou infelizes é sair, ir a um local onde possam ficar a sós, com o céu, a natureza e Deus. Só então você pode sentir que tudo é como deveria ser, e que Deus deseja a felicidade das pessoas em meio à beleza e à simplicidade da natureza.

Seriam simplesmente frases bonitas, porém um tanto quanto comuns, se não tivessem sido escritas por uma garota de 13 anos de idade, e ainda mais, em circunstâncias nada animadoras. Muitas das frases, pensamentos e idéias escritas por Anne , naquele diário, foram escritas em meio ao pavor da guerra e do pânico de serem descobertos ( como foram). Em meio ao barulho de bombas que, a qualquer momento podiam ter como alvo o prédio onde se encontravam. Sem contar o fato de terem que ficar dia após dia sem ver ou sentir a luz do sol. Uma coisa é ficar sem sentir o sol no corpo em um país tropical como o nosso ( o que também não seria agradável), outra coisa é ficar dias, meses, ano, trancafiada em um pequeno esconderijo, com outras pessoas sem ser exclusivamente a família, e no frio terrível do inverno holandês. Onde , por muitas vezes, tinham de tomar os mais variados medicamentos para conter um acesso de tosse, pois qualquer barulho ali, podia chamar a atenção dos vizinhos ou pessoas que se encontravam no prédio. Em outras ocasiões não podiam sequer usar o banheiro, ou se usassem, jamais dar descarga, devido também ao barulho. Sem contar o banho...e por aí vai. Coisas simples de nosso cotidiano, era algo complicado naquele lugar.

Pois bem, foi em meio a isso tudo, que essa pequena garota escreveu essas palavras, foi em meio a esse caos, que Anne falou de felicidade e diz não ter o direito de ser infeliz, enquanto existir os raios do sol, o céu azul e gaivotas deslizando pelo céu...

Esses escritos são uma lição para nós que, por muito pouco, reclamamos da vida e de fatos corriqueiros que nos desagradam. Por qualquer coisa nos sentimos infelizes, reclamamos, desanimamos e nos revoltamos contra tudo, contra todos e muitas vezes , contra Deus.

Que Deus tenha misericórdia de nós e aprendamos lições como essa , para que possamos crescer , parar de reclamar e aprendamos a agradecer a Deus, todos os dias, o dom da vida, o seu cuidado e seu amor para conosco.

E você que pretende ler esse livro, ao comprar , dê preferência ao que traz o diário de Anne, na íntegra. Pois traz tudo que essa garota escreveu naquele cativeiro.

Só para seu conhecimento e esclarecimento, os escritos originais acham-se expostos em um museu na Holanda, situado no local que foi o esconderijo. Enfim , retorna para o local onde foi escrito. Caso você visite esse país, não deixe de ir àquele lugar.

"Quero trazer à memória o que me pode dar esperança." Lamentações 3.21

Existe um ditado que diz que "a esperança é a última que morre", dando a entender que, apesar de ser a última que morre , um dia morrerá... Porém , vale ressaltar aqui, que este ditado não se aplica à vida cristã, visto que nossa esperança está firmada em Cristo Jesus, e estando assim firmada , jamais morrerá.

Em relação à esperança , nós cristãos precisamos ter "tatuado" em nossa mente e coração este versículo do livro bíblico Lamentações de Jeremias : "Quero trazer à memória o que me pode dar esperança".

Muitos de nós tem a tendência de trazer à memória coisas ruins, experiências desastrosas, fatos que causaram tristeza e dor ao nosso coração,deixando-nos abater pelo desânimo e desesperança. Porém, se formos trazer a memória tudo que Deus faz , fez e , com certeza fará ( segundo suas promessas) , é certo que a esperança transbordará em nossas vidas.

Ao trazer ao nosso coração fatos do passado, vemos Deus agir em cada instante de nossa vida e podemos trazer à memória fatos que mostram seu cuidado, zelo e amor para conosco, então nosso coração se enche de esperança; Se olhamos para o presente , podemos sentir o amor de Deus aquecendo nosso coração e nossa alma, e podemos sentir a segurança que emana desse cuidado, então nosso coração transborda de esperança; se olhamos para o futuro, podemos contemplar com olhos da fé, à nossa frente, as bênçãos maravilhosas que Deus promete aos seus, promessas e bênçãos que fazem nosso coração se encher e transbordar de esperança.

Portanto, nossa vida está repleta de fatos, lembranças e recordações que podem trazer esperança ao nosso coração. Tomemos posse dessas lembranças, deixemos a esperança transbordar em nós e esperemos em Jesus.

Que Deus nos abençoe e guarde.

" Ó minha alma espera somente em Deus, porque Dele vem a minha esperança."