segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Era uma vez um rio que espalhava alegria e vida por onde passava. Tinha recebido do criador nosso Deus essa maravilhosa missão, a qual cumpria com muita alegria.
Assim, dia e noite, incansavelmente, deixava suas águas descerem entre as rochas da montanha, em uma cantoria encantadora, beijando suavemente as pedras por onde passava, em um espetáculo de cores e brilho, quando todas as manhãs recepcionava o sol com um lindo sorriso, se misturando à sua luz. Por onde passava a alegria era geral. Dava de beber às plantas e animais, e moradia aos peixes e demais plantas e animais aquáticos dos lugares por onde passava.A todo instante recebia um beijo de algum animal, que , vendo-o passar tão feliz, encostava seus lábios em suas águas carinhosamente,e, ao mesmo tempo que o acarinhavam, saciavam sua sede. Aconchegava com carinho, em seus braços, os pequenos barcos que transportavam pessoas de um lugar a outro de suas margens, sempre com cuidado e carinho,pois ele bem conhecia cada depressão e bancos de areia que se encontravam no relevo sobre o qual deslizava, em um embalo tão cuidadoso que mais parecia acalanto de mãe.
Ao mesmo tempo que era bênção, também era abençoado pela vegetação ribeirinha, que dava vida em abundância a ele, não deixando que areia escorregasse para dentro de seu leito, ou que o calor escaldante das tardes de verão o fizesse perecer. Também era abençoado pelas águas da chuva, que faziam com que ele ficasse sempre tão majestoso, e por seus irmãozinhos menores, que , de forma confiante, se jogavam sobre ele, se tornando um só.
Assim foi sua vida por muito tempo, abençoando e sendo abençoado por onde passava.
Um dia , porém, resolveu passear um pouco, mudar a direção, estava cansado daquela mesma vida e aquele mesmo caminho. Queria conhecer lugares novos... Novos horizontes. Criaturas novas, com as quais poderia aprender novas lições. Estava cansado de seu pequeno mundo, queria crescer e, quem sabe, se tornar um rio bem maior, com águas mais poderosas.
Assim ,preso em seus próprios sonhos e devaneios, esqueceu-se dos sonhos e planos de Deus para sua vida, da maravilhosa missão para qual Deus o chamara. E, foi naquela andança cega em busca de satisfazer seu próprio coração. Até que, certa manhã, ele avistou, próximo à sua nascente, uma linda clareira, que, iluminada pelo sol nascente, brilhava com esplendor,ofuscando tudo à sua volta. Nosso riozinho ficou tão maravilhado com ela , que esqueceu por completo de todos os demais lugares por onde havia passado, dos carinhos trocados com animais e plantas, da proteção da vegetação ribeirinha, dos cuidados de Deus com sua vida...Deixou de ser benção... eixou de levar vida aos sedentos... e se entregou por completo àquela paixão... correu velozmente em direção a ela, se entregando e se jogando em sua direção , sem reservas. Ela, sem demora, abraçou-o por completo, represou suas águas totalmente, e aos poucos foi sugando suas águas terra adentro, e , como ele estava longe da vegetação ribeirinha, nada a impediu de que se jogasse sobre ele, fazendo com que seu leito ficasse repleto de bancos de areia, represou-o naquele lugar, e ali ele foi definhando até que não tivesse mais fôlego de vida.
Dele restou apenas saudade e uma lição: Tenhamos cuidado com as paixões desenfreadas da carne, desejos mundanos de nosso coração. Estejamos atentos e sejamos fiéis à missão para qual Deus nos chamou.
Que Deus nos abençoe e nos guarde à sombra de suas asas.
Mercia Brito Monteiro
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